O pequeno cômodo mais parece uma loja de eletrônicos. Atrás da porta, no espaço que era parte da sala, se revelam prateleiras com mais de 1,5 mil jogos entre DVDs, CDs e fitas, além de 38 videogames de diferentes modelos e épocas.
O quarto na casa do supervisor de venda avulsa de jornais, Alvaro Bastos, 32 anos, abriga uma coleção capaz de fazer qualquer adulto voltar a ser criança.
Além da quantidade, a organização também impressiona. Em uma estante especialmente projetada por ele, Alvaro mantém 23 videogames instalados à uma tevê de 51 polegadas. Atrás da tela, um esquema complexo de adaptadores garante a praticidade da diversão: basta escolher o game, plugar o controle e jogar.
No início, há cerca de seis anos, a intenção era apenas ter um passatempo. Alvaro comprou um Xbox 360. Algum tempo depois, ganhou outro. Em seguida, foi atrás de um Super Nintendo e, para resgatar a infância, buscou um Master System III, pelo qual tem grande apreço.
- Quando eu era criança, jogava todo dia com a minha mãe. Ela chegava do trabalho e a gente ia direto disputar corridas do game de Fórmula 1 - lembra.
Daí pra frente, a paixão cresceu e, em um ano e meio, Alvaro conseguiu reunir todo o acervo que preenche um dos quartos da casa no Bairro Ponta Grossa, na Zona Sul da Capital. Quanto investiu? Alvaro prefere não revelar, mas explica que, para encontrar os jogos e aparelhos, mais importantes que o dinheiro são a pesquisa e a persistência.
- Quem tem grana vai no Mercado Livre ou no Ebay e compra coleções inteiras. Eu pesquiso em várias fontes, pergunto para amigos, vou em eletrônicas e busco muito em grupos no facebook. Tem uma rede de colecionadores na internet que troca e vende peças repetidas - explica.
Com preciosidades como um Atari 2600, de 1983, com caixa e manual - por vezes mais raros que os próprios jogos -, e um Odyssey 2 (também conhecido por G 7600), de 1978, Alvaro já recebeu uma proposta de R$ 15 mil pela coleção. Mas a paixão falou mais alto.
- Sei a história de cada fita e game. Hoje, se precisasse de grana urgente, venderia meu carro, mas a coleção não - declara.
De amador a atacante da Seleção
O gosto por jogar futebol no videogame é tanto que a diversão ganhou ares de compromisso. A habilidade no game Fifa, no Xbox 360, deu a Alvaro o posto de atacante da International Fifa Virtual Pro Association Brasil (IFVPA/Brasil) - a Seleção Brasileira no jogo oficial da federação internacional do esporte, produzido pela EA Sports.
Alvaro integra uma equipe de mais de 25 jogadores de várias idades e de todos os cantos do país. Ele também é o responsável (manager) pelo time do Grêmio que, a partir deste mês, vai disputar o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores - organizados pelo site http://www.gofifabrasil.com.
- É igual aos campeonatos reais, com treinos e tudo. É um hobby divertido, mas o pessoal leva a competição bem a sério - conta.